Dentro do nosso dicionário de conceitos, apresentamos um novo tema: a consciência na filosofia.
Índice:
1) Consciência em Filosofia
2) Definições gerais do conceito de consciência
3) Lições sobre a noção de consciência
4) Definições particulares de filósofos sobre consciência/subjetividade
1) Consciência em Filosofia:
Na Antiguidade, a consciência não existia: apenas o “noos”, a mente conhecedora, tinha valor. É na modernidade filosófica que se deu uma consciência ao sujeito. Descartes apresenta a consciência como base do conhecimento que resiste à dúvida metódica e, assim, pode servir como o fundamento sobre o qual todo conhecimento seria construído (cf. Metafísica de Descartes). Kant, Hegel ou mesmo Sartre retomam essa conquista da filosofia moderna.
2) Definições gerais do conceito de consciência:
– Do latim conscientia: conhecimento compartilhado com o outro;
– Sentido psicológico: conhecimento, intuição ou sentimento que um sujeito tem de si mesmo, de seus estados e de suas ações;
– Senso moral: capacidade de fazer julgamentos morais, sobre o bem e o mal.
3) Lições sobre o conceito de consciência:
Introdução
“Consciência”: cum scientia (latim).
Consciência: atividade psíquica que me faz pensar o mundo e pensar a mim mesmo. E isso porque a consciência é um distanciamento.
A consciência é colocada à distância:
Do homem enfrentando o mundo e,
Do homem enfrentando a si mesmo.
Consciência: o que significa que não estou colocado no mundo como um objeto pode estar, mas que me relaciono com o mundo, que o almejo, que me projeto nele. Imerso na leitura de um romance policial, de repente percebo que alguém está batendo à minha porta. Tornar-se consciente é perceber o que está acontecendo ao nosso redor, mas também o que está acontecendo dentro de nós.
A chamada consciência psicológica é a ocasião para o despertar da consciência moral, porque o sujeito da consciência passa a julgar o valor moral de seus próprios atos e intenções: “Eu agi de acordo com o que minha consciência me ditou”.
Tomar consciência é também colocar o mundo como objeto de consciência (objeto de espanto, mistério e exploração para o sujeito que sou). Minha consciência me separa do mundo ao me distanciar dele, mas também me prende a ele, porque não pode haver consciência se não se tem consciência de algo (é o que Husserl chama de intencionalidade da consciência). É assim que evoluo no mundo, como o conheço enquanto aprendo a me conhecer. No entanto, a consciência de nosso estado nunca coincidirá completamente com quem somos em nós mesmos: existe o eu que é tímido e existe o eu que sabe que o eu é tímido. Consciente de não ser o que sou (exemplo: o garçom é um garçom até acabar a jornada de trabalho), posso brincar de ser o que não sou. Nesse sentido, toda consciência é uma comédia.
Mas a consciência está sempre incompleta, nunca estamos conscientes de tudo e o tempo todo. “Consciência significa escolha”, como diz o filósofo Bergson. Nossa atenção sempre vai para um certo objeto definido entre todos os outros objetos. Perdemos a consciência dos nossos hábitos desenvolvendo automatismos. Posso perder a consciência das minhas lembranças com o passar do tempo, ao passo que a memória serve para mobilizar as lembranças de que preciso no momento, para superar efetivamente um problema imposto pela realidade. Assim, estar atento é ter a liberdade de agir de tal e tal maneira e tornar-se o que se quer.
No entanto, nossa mente tem seus segredos e há coisas que podem escapar de nossa consciência. Essa elusiva estranheza é o inconsciente.
Ser consciente é sentir, agir, pensar e saber que estou sentindo, pensando e agindo. O homem não está inserido no mundo, ele se relaciona com ele. Através da consciência, o mundo se torna objeto de conhecimento e reflexão.
Ter consciência dos atos praticados e dos pensamentos elaborados não proporciona a sua inteligibilidade. Além disso, a consciência é um distanciamento do homem de si mesmo. Pode ser o que lhe inflige experiências dolorosas: por exemplo, consciência moral, culpa, remorso. (ex: os sentimentos experienciados pela personagem Raskólnikov após o duplo assassinato da agiota e de sua irmã, no livro “Crime e Castigo” de Dostoiévski). Pela consciência moral, o homem experimenta atos nos quais tem dificuldade de se reconhecer. Nesse sentido, consciência significa menos acesso a uma identidade estável e definida do que a uma tarefa a ser executada.
Problemática
De que modo a consciência faz a grandeza e a miséria do homem?
Consciência: o que permite o conhecimento.
A consciência permite ao homem responder pelo que ele é. Isso o eleva acima do animal. Mas esse fenômeno é também o que o separa do imediatismo e da inocência do momento.
A consciência é, portanto, sinônimo de dignidade, é ela que permite ao homem pensar o mundo e pensar a si mesmo. Mas essa dignidade tem um preço, é uma libertação que impõe a necessidade de ter que responder pelos próprios atos e de assumi-los. Ao mesmo tempo em que permite o pensamento, é o que permite o questionamento filosófico.
Se a consciência é o que permite o raciocínio filosófico, parece necessário questionar a origem desse questionamento. À pergunta “conhece-te a ti mesmo”, Sócrates responde: “Sei que nada sei”. Negatividade do conhecimento: o conhecimento surge aqui como a consciência de nada saber.
I) Descartes: A consciência acabará como positividade fundadora
Meditações metafísicas. “Cogito ergo sum”.
Percepções, opiniões e julgamentos desafiadores. A dúvida é uma ferramenta, é metódica, radical e sistemática. Pretende levar à descoberta de uma verdade fundante, indubitável e certa a partir da qual a ciência e o conhecimento possam ser refundados.
Duvidamos do mais simples ao mais complexo: o mais simples: duvidar dos 5 sentidos: ao invés de duvidar de cada uma das minhas percepções, que seriam infinitas, devemos duvidar daquilo que permite a percepção: os 5 sentidos. Os sentidos são, portanto, enganosos.
Se os sentidos enganam, é preciso duvidar do que fundamenta meus 5 sentidos: o corpo. Descartes duvida da existência de seu próprio corpo. Mas se meus sentidos são enganosos, meus pensamentos também podem: dúvida sobre verdades matemáticas. Como estes não vêm da experiência e estão na minha mente, alguém deve tê-los colocado lá. Duvidar dessas verdades é, portanto, necessariamente colocar a hipótese da existência de um Deus que nunca deixaria de me enganar. Daí a hipótese da existência de um gênio do mal. Início da conclusão: tudo posso duvidar, mas para duvidar devo pensar e para pensar devo ser: penso, sou. Assim que penso e enquanto penso, eu existo.
A única certeza que resiste à dúvida: “Penso, logo existo”. Mas esta verdade afirma o fato de que eu existo, não me diz a natureza do que sou. Ter consciência de existir não me informa sobre a identidade desse existente. A consciência pode ser um objeto de conhecimento?
II) A consciência é uma atividade
Consciência: uma atividade que acompanha as minhas representações.
Kant: Lógica (introdução). (1800)
Ao contrário de Descartes, que define a consciência como uma coisa, Kant a apresenta como uma atividade. A consciência é uma função necessária do pensamento, mas não me dá o conhecimento do que sou.
Para identificar esse eu, é necessário que o poder de identificação esteja inicialmente na consciência, poder de identificação que permite estabelecer a relação entre sujeito e objeto. Kant distingue “representação” de “conhecimento”, “matéria” de “intuição”, “sensibilidade”, “forma”, “entendimento”.
Segundo Kant, o conhecimento procede de duas fontes: sensibilidade e compreensão. Sem sensibilidade, a compreensão é vazia, já sem compreensão, a sensibilidade é cega. (cf. A Crítica da Razão Pura).
Sensibilidade: faculdade pela qual os objetos me são dados: receptividade, sensação.
Compreensão: faculdade intelectual pela qual os objetos são pensados (faculdade de conhecer). Faculdade intelectual que produz os conceitos a partir dos quais as intuições sensitivas se ligam e se ordenam porque estão subsumidas.
“Subsumir”: armazenar uma intuição sensível sob um conceito, portanto, identificar, conhecer (ex: aquele que vê uma casa pela primeira vez; simples intuição). Quem vê uma casa e já tem o conceito de casa na cabeça, tem a representação dela.
O “eu” acompanha todas as minhas representações e as unifica. A consciência (o “eu”) é originária. É o que permite essa unificação e a autoconsciência dá coerência às representações. Para que as representações sejam unificadas, esse poder unificador deve ser admitido como o que permite o conhecimento, portanto, ser pensado como originário. A consciência é, portanto, uma atividade, é um poder de síntese. O sujeito só pode tomar consciência de si mesmo por meio dessa atividade. Como a autoconsciência só pode aparecer quando é percebida, ela não pode ser autoconhecimento porque é ela que permite o conhecimento. A consciência, quando se toma como objeto do pensamento, não pode se pensar no vácuo. Ele se pensa a partir dos conteúdos de pensamento que o investem.
A consciência apresenta, assim, um caráter paradoxal, é ela que permite o conhecimento do objeto, mas, não pode ela mesma ser objeto de conhecimento.
Consciência imediata e consciência refletida, conhecimento do mundo, conhecimento de si mesmo. A autoconsciência é definida como a possibilidade de o sujeito tomar seus estados de consciência como objeto de conhecimento: a consciência volta-se para si mesma para pensar seus conteúdos de pensamento. A consciência participa assim de dois movimentos:
1. Consciência imediata: é aquela que acompanha os atos do sujeito (ex: estar ciente de algo).
2. Consciência refletida: aquela em que o sujeito se pensa como consciente de algo. (ex: em Kant, a transição da simples autoconsciência “Charles quer comer” para “eu quero comer”. Autoconsciência em Kant: “antes ele sentia, agora ele pensa a si mesmo”).
Os dois movimentos funcionam juntos: toda consciência é sempre consciência de algo e só posso tomar consciência do que sou olhando para mim mesmo através dos atos praticados: a consciência refletida pressupõe o pensamento imediato. Da mesma forma, o sujeito só pode ter consciência de algo porque sabe que está ali presente: só tenho consciência do mundo porque tenho consciência de estar nele. A consciência imediata pressupõe a consciência refletida. Inscrevem-se, pois, numa atividade, num movimento e, portanto, numa temporalidade que enlaça a consciência imediata e a refletida, sem as fazer coincidir.
Essa falta de coincidência consigo mesmo é claramente evidente em Bergson. Essa não coincidência aparece com a noção de duração. O movimento realizado registra a consciência na duração. A consciência estabelece uma relação entre passado, presente e futuro.
III) Consciência e temporalidade
Texto de Bergson: energia espiritual
A consciência é a conservação do passado.
Consciência é movimento em direção ao futuro.
Assim, a consciência é um elo entre o passado e o futuro porque é a relação com a memória e com o projeto que caracteriza a consciência.
Bergson vincula o conhecimento à memória e à antecipação. A memória é uma função do passado.
Consciência é atenção ao presente. É, portanto, fundamentalmente prática. A consciência em Bergson é uma coisa concreta, ou seja, uma realidade que experimentamos a cada momento. Aparece tanto mais claramente quanto se realiza em cada relação com o mundo porque acompanha cada uma das nossas percepções e cada uma das nossas ações.
A consciência é caracterizada pela memória: uma consciência sem memória seria uma consciência “inconsciente”, uma consciência sem consciência de si mesma (uma consciência que nunca poderia identificar nada e assim se confrontaria com um perpétuo desconhecido). Mas a consciência é o lugar onde os eventos são impressos. É definido pela primeira vez pela percepção dos objetos ao nosso redor e essa percepção envolve a memória: “perceber é lembrar” (Bergson). “Estar ciente” significa ser capaz de fazer a ligação entre um evento presente e um evento passado para que o presente possa ser identificado, reconhecido e para que eu possa atuar no mundo e, portanto, viver nele.
Conscientização é também tensão em relação ao futuro, antecipação porque agir no presente significa necessariamente comprometer-se com o que este presente será.
Se a consciência relaciona o acontecimento presente com o passado para poder identificar o presente; se a consciência é uma relação com o acontecimento presente a partir do futuro que ela anuncia, que relação pode ter a consciência com o presente?
Se a consciência está em relação com o que não é mais (o passado) e o que ainda não é (o futuro), que relação ela tem com o que é (o momento presente)?
O momento presente é por natureza fugaz, fugitivo: começar a perceber o momento presente significa que ele já não está presente, mas, já está no passado porque o pensamento se aplica a ele (o momento já é uma memória). Da mesma forma, antecipar o presente é impossível. O momento não existe: assim que aparece, já não é (já está no passado), enquanto se espera, não é (está no futuro). Portanto, o presente é apenas uma duração participada do passado imediato e do futuro iminente. O presente é algo que dura.
Onde Descartes via a consciência como algo que pensa, Bergson vê algo que dura, que flui. Para Bergson, a consciência é progresso e sua inspiração ao longo do tempo faz do homem o que ele faz e o que ele é. Se a consciência é apanhada no passado e estendida para o futuro, a consciência é movimento objetivo.
IV) “Toda consciência é consciência de algo”: Husserl.
Todo cogito traz em si seu cogitatum ao qual está ligado e do qual se distingue. A consciência é sempre um relacionamento com algo diferente de si mesma. Há sempre uma distância entre a consciência e o objeto a que ela visa. Mesmo quando a consciência toma como objeto de pensamento os seus conteúdos de pensamento (ex: as suas memórias…) não consegue pensá-los como eram no passado porque só os pode apreender relativamente ao presente em que se encontra.
A consciência é projeto, objetivo do mundo, é “intencionalidade”. Intencionalidade: objetivo, projeção para o mundo. A consciência não é mais lida como uma interioridade fechada em si mesma, é visada, é projeção. Antes de ser reflexiva, voltando a si mesma, a consciência é inicialmente uma relação com o mundo, pois sou um ser que deseja, que age e que antecipa. Por se antecipar a si mesma, a consciência já está, portanto, sempre além de si mesma, ela é direcionada de outro lugar para orientar sua ação no mundo. A consciência é, portanto, a doadora de significado. O significado não está na coisa, é a consciência que dá sentido às coisas que visa e percebe.
Mas se a consciência dá sentido, se ela não mais se regula sobre o objeto para conhecê-lo, mas dá sentido ao objeto, então, a consciência não pode mais ser pensada como o lugar de uma verdade única e absoluta. Parece, portanto, legítimo fazer a seguinte pergunta: pensar a consciência como prevalecendo sobre a consciência, isso é uma verdade ou uma simples interpretação?
V) Colocar em dúvida a supremacia da consciência sobre o corpo.
Texto de Nietzsche: “Aurora” (1880)
A consciência é apenas o simples eco do corpo que a transporta para o mundo. Mais do que isso, não seria uma simples interpretação que alguém teria postulado como verdade por razões morais, práticas? Se a consciência é uma doadora de significado, pensar na consciência como superior ao corpo não é uma simples interpretação em vez de uma verdade, uma crença e não um estado de fato?
Com o cogito, Descartes havia sinalizado a separação da alma e do corpo. No entanto, Descartes, afirmando posteriormente que “só estou alojado em meu corpo como um piloto em seu navio”, acaba reunindo a alma e o corpo porque a experiência da fome e da dor física mostra que o corpo pode obscurecer o pensamento. E este encontro não é isento de consequências porque leva necessariamente a questionar a influência do corpo na consciência e da consciência no corpo. Esta questão é fundamental na obra de Nietzsche.
A consciência segundo Nietzsche
Tradicionalmente, a metafísica e a filosofia sempre pensaram na consciência como ontologicamente superior ao corpo. Este é apenas um postulado avançado por razões práticas e morais (servem para responsabilizar o homem pelo que é e pelo que faz, para torná-lo culpado e assim justificar a punição…). Antes disso, a metafísica já havia colocado tudo o que é imaterial como ontologicamente superior ao sensível: a alma, o espírito, a consciência são, portanto, valorizados e o corpo, o sensível depreciado.
Nietzsche opera uma inversão dessa hierarquia: ele coloca a consciência como um derivado do corpo: “a consciência é uma última e tardia evolução do sistema orgânico”. Segundo Nietzsche, o corpo é primário, é uma pluralidade de forças, de impulsos que lutam entre si. Essas forças constituem o que Nietzsche chama de “vontade de poder”: uma força que busca seu próprio crescimento, que está sempre em processo de devir… O Ego é, portanto, múltiplo e o indivíduo experimenta uma pluralidade de sensações, identidades, papéis. Reduzir a consciência a uma unidade é querer encerrar o homem em uma única identidade, é querer reduzi-lo a um único papel e esse papel é definido pela filosofia como o do “animal racional”. No entanto, segundo Nietzsche:
“Todo ato de vontade envolve primeiramente uma pluralidade de sentimentos”.
A unidade do “eu penso” é, portanto, apenas um preconceito, uma ilusão da gramática que sugere que o “eu” decide o pensamento quando, na verdade, o “eu” é apenas a consequência de uma multidão de lutas contínuas entre as diferentes forças que animam o corpo.
A unidade da consciência é, portanto, uma ilusão prática porque, diante da pluralidade do mundo, é reconfortante pensar em si mesmo como uma unidade, em vez de pensar em si mesmo como apanhado em um devir permanente e, portanto, ser sempre outro para si mesmo.
Primeira ilusão da consciência: a consciência se põe como causa de si mesma, acredita ser uma substância e se pensa como sendo a origem de seus pensamentos. No entanto, não é a consciência que manda, mas apenas obedece ao que o corpo impõe: “os pensamentos vêm a mim quando querem e não quando eu decido”. A consciência é apenas o simples eco do corpo. A consciência só tem acesso à superfície das coisas, e pensar que conhecemos as razões que nos fazem agir é, na verdade, um erro porque essas razões fundamentais estão no fundo e escapam à superfície.
A crença no ego é, portanto, apenas uma ilusão, o ego racional é apenas um mito, uma ficção metafísica e a soberania da consciência sobre o corpo, uma fantasia. Podemos então compreender o significado do “cogito quebrado” em Ricoeur: o eu não é transparente para si mesmo. O Eu não é uma identidade que se dá definitivamente à partida, de uma vez por todas; mas uma identidade que vai se construindo à medida que avança (o que ele chama de identidade narrativa). A consciência se manifesta assim por uma certa opacidade para si mesma.
Conclusão
A consciência é definida, claro, por sua atividade em relação ao conhecimento, mas também por suas lacunas, suas errâncias, sua opacidade. Ao abordar o homem em relação a essa opacidade da consciência, fica claro que ela não é transparente para si mesma. Há coisas nela que lhe escapam e que sinalizam que além daquilo que a consciência afirma outras coisas são ditas. Pensar a consciência significa, portanto, também pensar naquilo que ela não controla no psiquismo e que pode questioná-la quanto à sua autoridade. Esse questionamento passará por Nietzsche pela vontade de poder, por Marx no campo social para desembocar no tema do inconsciente em Freud, um inconsciente que induzirá a esta constatação fatal:
“O ego não é dono de sua própria casa”.
4) Definições particulares de filósofos sobre consciência/subjetividade:
– Descartes: “Meu próprio pensamento ou consciência” (Discurso sobre o método).
– Rousseau: “Consciência! Conhecimento! Instinto divino, voz imortal e celestial: guia seguro de um ser ignorante e limitado, mas inteligente e livre; juiz infalível do bem e do mal, que torna o homem semelhante a Deus, é você que faz a excelência de sua natureza e a moralidade de suas ações” (Emile ou Educação).
– Kant: “A consciência é uma representação de que outra representação está em mim”. (Crítica da Razão Pura).
– Kant: “A consciência é a razão prática que representa para o homem seu dever de cumpri-lo ou condená-lo em cada caso em que a lei se aplica”. (Crítica da razão prática).
– Hegel: “O homem é um ser dotado de consciência e que pensa, ou seja, daquilo que ele é, seja qual for o seu modo de ser, faz um ser para si”. (Fenomenologia do Espírito).
– Bergson: “A consciência é o poder de escolha”. (Creative Evolution).
– Alain: “A consciência é o conhecimento voltando a si mesmo”. (Definições)
– Sartre: “A consciência é a recusa de ser substância”. (O Ser e o Nada).
– Rabelais: “Ciência sem consciência é apenas ruína da alma”. (Panagruel).
– Dante: “Desde que minha consciência não me censure, estou pronto para me submeter à vontade da fortuna”. (A Divina Comédia).