Conhece-te a ti mesmo: uma injunção moral e epistemológica de Sócrates
A filosofia de Sócrates ainda brilha hoje. Mesmo os filósofos mais distantes de seus princípios a discutiram e debateram, como Nietzsche ou Kierkegaard.
A frase de Sócrates “Conhece-te a ti mesmo” não é exatamente dele, é um lema inscrito no frontispício do Templo de Delfos que Sócrates assume. Ele figura no panteão das grandes frases filosóficas.
Esta afirmação, em sua forma imperativa, indica que a exigência do homem deve relacionar-se com sua natureza. É conhecendo a si mesmo, buscando dentro de si, que o homem pode encontrar a sabedoria. Mas duas questões essenciais são colocadas por Sócrates:
– Para encontrar o quê?
– De que maneira?
Sócrates e o Conhecimento
Primeiramente, abordaremos a pergunta sobre “o quê”. De fato, esse convite à introspecção deve estar vinculado à teoria platônica da reminiscência. Todos, diz-nos Sócrates, têm conhecimento em si, basta lembrá-lo. O conhecimento é imanente ao homem, não externo. A sabedoria consiste em aprender a lembrar.
Sócrates e a maiêutica como forma de acesso ao conhecimento
Em segundo lugar, a pergunta como o “como”. Este autoconhecimento só pode ser alcançado por meio da maiêutica, ou seja, do diálogo entre a alma e ela mesma, ou entre um aluno e seu professor. Sócrates, portanto, muitas vezes se apresenta, em seu papel de questionador, como parteiro da alma. Sócrates questiona porque não sabe nada, sabe que não sabe nada, não tem nada a aprender, mas pode ajudar seus discípulos a descobrir as verdades que eles guardam dentro de si.
Sem esse trabalho sobre si mesmo, a vida não vale nada segundo Sócrates:
“Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida”.
Para Sócrates, filosofia não designa, como para os sofistas, a aquisição de conhecimento, mas, uma forma de questionar a si mesmo e aos outros, sobretudo, uma forma de cuidado de si.
