Resumo de “Cândido” de Voltaire

Após o resumo dos capítulos do livro, é apresentada a análise da obra.

“CÂNDIDO, OU O OTIMISMO” – Resumo capítulo a capítulo

Capítulo 1: A história se passa no castelo do barão de thunder-ten-tronckh na Alemanha. Cândido, um jovem de nascimento suspeito, sem riqueza, é aluno do filósofo Pangloss, um otimista inabalável que acredita na perfeição do mundo. Cândido se apaixona por Cunégundes, filha do Barão, causando seu despejo do castelo.

Capítulo 2: Cândido é forçado a se juntar ao exército búlgaro. Ele tenta escapar e é açoitado por deserção.

Capítulo 3: Guerra entre búlgaros e árabes. Cândido se esconde durante a batalha e depois foge. Desamparado e faminto, ele é forçado a implorar por sua comida. Jacques, como bom anabatista, alimenta-o, dá-lhe alojamento e emprego.

Capítulo 4: Cândido conhece Pangloss, que está com sífilis e conta a Cândido que Cunégundes foi estuprada. Jacques paga pela cura de Pangloss. Os três partem para Lisboa.

Capítulo 5: Jacques cai no mar durante a viagem. Pangloss impede Cândido de resgatar Jacques, argumentando que é a vontade de Deus que ele se afogue. Chegam a Portugal logo após o grande terremoto.

Capítulo 6: Pangloss e Cândido são presos pela Inquisição. Pangloss é enforcado e Cândido é açoitado durante auto de fé que deveria prevenir futuros terremotos.

Capítulo 7: Uma velha ajuda Cândido a encontrar Cunégundes, que sobreviveu ao estupro.

Capítulo 8: Cunégundes conta a Cândido sua terrível história e como ela pertence a Don Issachar e ao Grande Inquisidor.

Capítulo 9: Cândido mata Don Issachar e o Grande Inquisidor para vingar Cunégundes, depois foge de Portugal.

Capítulo 10: Cândido, Cunégundes e La Vieille fogem para a América do Sul.

Capítulos 11-12: A velha conta sua história para Cândido e Cunégundes.

Capítulo 13: O governador de Buenos Aires pede Cunégundes em casamento e ordena a prisão de Cândido.

Capítulo 14-15: Cândido e Cacambo, seu criado, fogem para o Paraguai.

Capítulo 16: Cândido e Cacambo conhecem as jovens indígenas.

Capítulo 17: Cândido e Cacambo chegam a Eldorado.

Capítulo 18: Um velho apresenta Eldorado como um mundo maravilhoso para Cândido, mas ele prefere tentar encontrar Cunégundes.

Capítulo 19: No Suriname, Cândido conhece Martin, um negro mutilado. Cândido chora e renuncia ao otimismo. Cândido manda Cacambo em busca de Cunégundes. Martin ganha a palma da miséria.

Capítulo 20: Cândido e Martin partem para a França. Martin é um pessimista total – ele acha que Deus abandonou o mundo ao mal absoluto.

Capítulo 21: Cândido e Martin discutem a corrupção moral dos franceses.

Capítulo 22: Na França, Cândido é cortejado por sua riqueza (trazida de El Dorado).

Capítulo 23: Cândido e Martin passam pela Inglaterra e testemunham a execução de um soldado, acusado de não matar inimigos suficientes.

Capítulo 24-25: Em Veneza, Cândido conhece Paquette (amante de Pangloss no castelo do barão, responsável pela sífilis contraída por Pangloss) e Giroflée, seu amante, um monge.

Capítulo 26: Cacambo reaparece – ele é um escravo agora. Cacambo avisa a Cândido que Cunégundes está em Constantinopla.

Capítulo 27: Cândido solta Cacambo e vai com ele para Constantinopla.

Capítulo 28: Pangloss conta sua infeliz história, mas seu otimismo resiste.

Capítulo 29: Cândido encontra Cunégundes, agora feia. Ele liberta Cunégundes e a velha. Mas o barão ainda se recusa a dar a mão de Cunegundes a Cândido.

Capítulo 30: Cândido se livra do barão e depois se casa com Cunégundes. Então, ele conhece um turco que o convence da inutilidade da filosofia.

Cândido, conto filosófico de Voltaire – Análise geral da obra

Cândido é a obra de Voltaire, filósofo francês, mais lida e comentada do Iluminismo em todo o mundo. Como então Cândido é paradigmático na filosofia do Iluminismo?

Cândido é uma obra vasta, que abrange todos os temas filosóficos da época de Voltaire: religião e fanatismo, liberdade política e tirania, conhecimento e obscurantismo, felicidade e fatalidade, liberdade e escravidão.

Mas, o tema subjacente de Cândido é a felicidade “aqui e agora” (hic et nunc em latim), como objetivo final do Iluminismo, entre outros temas (conhecimento, liberdade, deísmo, etc.) que são meios para chegar a esse objetivo. Contra os filósofos do Renascimento, que prometiam a felicidade após a morte, numa tradição clássica cristã, a obra do Iluminismo visava dotar os homens de seu tempo das condições de possibilidade da felicidade imediata: o Iluminismo desenvolveu o conceito de direito à felicidade.

É, em última análise, essa busca da felicidade que as aventuras de Cândido relatam. A busca da felicidade é construída contra os caprichos do destino, a loucura dos homens e a irracionalidade geral.

Voltaire e o otimismo

Voltaire odeia o otimismo e seu criador, o filósofo alemão Leibniz, que é encarnado e parodiado pelo personagem de Pangloss. O otimismo de Pangloss é uma posição filosófica que pode ser resumida assim:

– Deus é perfeito

– Deus criou o mundo

– Um ser perfeito criaria um mundo perfeito, portanto, o mundo é perfeito.

Além disso, um ser perfeito criaria tudo o que poderia ser criado, portanto, tudo o que poderia existir de fato existe.

Assim, este mundo é o melhor de todos os mundos possíveis e tudo é para o melhor.

Voltaire mostra o caminho intelectual de Cândido, que é o da desilusão: o otimismo, diz Cândido, é a mania de dizer que as coisas são boas quando se está no inferno. De fato, Cândido aprende que a quantidade de bem é muito menor do que a de mal.

É o famoso terremoto de Lisboa, em 1755, que parece estar na origem da recusa do otimismo de Voltaire. Voltaire se pergunta se Deus é realmente bom, ou se ele é realmente todo-poderoso. Cândido será a tradução desse questionamento religioso e metafísico.

Deísmo em Cândido

A religião de Cândido e de Voltaire é o deísmo, baseado na crença em um Deus criador do universo. Mas, este Deus não intervém nas coisas do mundo, age como um relojoeiro, um arquiteto que cria, mas, deixa viver a sua criação. Cabe, portanto, aos homens tomar seu destino em suas próprias mãos e criar o bem ou o mal: em todo caso, os homens são responsáveis ​​por seu mundo.

Política e escravidão em Cândido

Politicamente, Cândido é moderado. Ele satiriza todos os governos corruptos do mundo, exceto El Dorado, sem defender a derrubada desses governos. Voltaire não é um revolucionário: ele realmente acredita que qualquer revolução estabelece um sistema político pior do que seu antecessor.

O tema da escravidão é abordado por meio do encontro com o escravo negro cuja perna foi amputada em uma usina de açúcar: “É por esse preço que você come açúcar”, diz o negro a Cândido. É este encontro que marcará Cândido e o fará compreender que o otimismo é uma teoria ilusória. No entanto, embora Cândido lamente o destino do escravo, ele não faz nenhuma tentativa para libertar os escravos.

Eldorado e a felicidade

Através de Eldorado, Voltaire denuncia a utopia: não existe mundo perfeito. É o realismo que deve prevalecer no homem racional, e não a crença numa sociedade harmoniosa, que não existe e não pode existir.

Devemos cultivar nosso jardim

O tema do jardim é plural em Cândido: existem vários jardins em Cândido, incluindo, o jardim do Barão de thunder-ten-tronckh em Vestfália, o jardim de Eldorado, o jardim do velho turco e o jardim de Cândido no final. O jardim é o símbolo da cultura, tanto material, pelo alimento que fornece, quanto intelectual, considerado como uma metáfora para o alimento espiritual. O jardim é também um elogio ao ordinário, ao lar e à normalidade. Isso porque, não se construindo um mundo perfeito, é preciso contentar-se, segundo Voltaire, com o mundo como ele é.

Por fim, podemos analisar politicamente o tema do jardim: Cândido vive numa pequena comunidade, fechada em si mesma, o que atesta o fato de os Estados serem corruptos, por isso, devem ser deixados a levar uma vida retirada, baseada no trabalho.

 

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